A queda do Orkut foi tão acentuada que levou apenas dois
anos para o site despencar da 1ª à 7ª posição em termos de participação
de usuários de redes sociais no Brasil. Boa parte disso, aliás, em
pouquíssimos meses, porque o Orkut ainda era a 3º rede mais acessada em
maio de 2013, mas em dezembro havia perdido quatro posições.

Se
no último mês de 2011 33,44% das visitas feitas por brasileiros a sites
do gênero miravam o Orkut, em dezembro de 2013 apenas 0,64% dos
internautas daqui ainda voltavam ao serviço, de acordo com levantamento
feito pela Experian Hitwise.
Não é só isso. Dados obtidos pela reportagem junto à
comScore revelam que entre julho e dezembro passados o Orkut perdeu 6,5
milhões de visitantes únicos (foi de 12,5 mi a 6 mi), enquanto a
quantidade de internautas do país não parou de crescer. Hoje, o site só
chega a 7,6% da população conectada do Brasil.
O abre alas da internet
Antes desse declínio, o Orkut foi a rede social
do brasileiro e sua importância era tão grande para a formação do
internauta no país que alguns especialistas - e o Google - consideram
que o site foi a porta de entrada à rede para muita gente.
“A sensação de fazer parte de uma rede e pertencer a não
uma, mas várias comunidades com conteúdo pertinente e 100% brasileiro
foi contagiante”, comenta Marcelo Bressan, analista de Marketing em
Negócios do C.E.S.A.R. (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do
Recife). “Rapidamente o internauta brasileiro conseguiu ter uma presença
significativa em uma rede global, com algo em torno de 60% de presença
brasileira.”
Para o professor Almir Meira Alves, que coordena os cursos
de Engenharia da Computação e de Produção 2.0 da FIAP, foi o Orkut que
abriu caminho para a chegada de outras redes sociais por aqui -
inclusive o Facebook. “Por muito tempo a principal ferramenta da web 2.0
foi o Orkut”, diz ele.
Por que perdeu?
Há mais de uma explicação para a derrota do Orkut, mas de
certa forma todas têm relação com o Facebook. O site de Mark Zuckerberg
teve de fazer mais de uma tentativa para entrar no Brasil, pois na
primeira os internautas daqui ainda não estavam prontos para a mudança.
“No início ele parecia voltado a quem tinha um nível educacional mais
elevado”, comenta Alves, explicando que o Facebook era mais complicado
que o Orkut e ainda não havia sido traduzido do inglês.
Depois, à medida que a rede foi tomando corpo, o
brasileiro passou a se sentir mais confortável com ela e começou a
adotá-la de vez, deixando o site do Google para trás. “Uma vez que um
dos pontos fortes do Orkut eram as comunidades, bastou um número
relevante de formadores de opinião migrar para redes sociais novas que
algumas comunidades foram gradualmente eliminadas, por perderem em peso
e relevância”, avalia Bressan.
Então o Google mexeu seguidas vezes no site, mas nunca a
ponto de prender a atenção do usuário, e acabou desistindo da luta. O
blog oficial da rede social não recebe atualizações desde outubro de
2012 e, quando pedimos comentários sobre os dez anos da plataforma, a
empresa se limitou a enviar a seguinte nota:
“Lançamos o Orkut em janeiro de 2004 e, ao longo da última
década, a plataforma evoluiu para se tornar um exemplo de como as
pessoas se relacionam na internet. No Brasil, o Orkut foi a porta de
entrada à internet para muitos usuários.”
O que restou
Restam alguns usuários persistentes, a maioria de São
Paulo, na faixa entre 15 e 34 anos, com uma pequena vantagem para os
homens, conforme os dados da comScore. São pessoas que resistem ao
Google+ e preferem o Orkut vazio, sem tantas comunidades recreativas.
De
ponto de encontro na internet brasileira, o site se transformou em rede
de fóruns de nicho. Um lugar para quem quer fugir do Facebook.
Via: olhardigital
Nenhum comentário:
Postar um comentário