Apenas 0,5% do tráfego internet do país faz uso do novo protocolo, embora muitos sistemas autônomos já tenham recebido endereços
O Comitê Gestor da Internet no Brasil publicou uma resolução
(CGI.br/RES/2013/033) alertando todos os provedores e administrados de
sistemas autônomos sobre a importância da efetiva migração para o IPv6.
"Estamos adiantados na distribuição de blocos IPv6, adiantados no
treinamento, mas atrasados no uso, em relação aos demais países. O
pessoal não está entrando no jogo", afirma Demi Getschko,
Diretor-Presidente do NIC.br.
Segundo Demi, o IPv6 é responsável por apenas 0,5% do tráfego gerado
na Internet brasileira hoje, proporção abaixo da média mundial, entre
1,75% e 2%. Em países como o Peru, que tem uma distribuição de endereços
bem menor que a do Brasil, esse volume já chega a 3%. Já na França é de
5% e na Alemanha, de 4,5%.
A situação preocupa, porque a previsão é a de que os blocos IPv4
cheguem ao fim no país ainda no primeiro semestre de 2014, quando só
será possível distribuir endereços IPv6. Esse primeiro lote de usuários
IPv6 corre o risco de não conseguir acessar boa parte dos sites
brasileiros, segundo Demi.
O atraso no uso efetivo do IPv6 dificultará sobremaneira a expansão
sustentável da Internet. Segundo a resolução do CGI.br, diversos entraves surgirão para:
- Usuários, uma experiência de navegação pior, eventual falha no funcionamento de serviços específicos como VoIP, jogos online, compartilhamento de arquivos peer to peer, streamings de vídeo etc;
- Provedores de acesso Internet, uma complexidade maior em suas estruturas, com custos crescentes;
- Provedores de conteúdo e serviços, necessidade de adaptação nos sistemas de autenticação baseados no endereço IP, em sistemas de geolocalização e medições de seus usuários e serviços;
- Segurança e estabilidade da Internet, dificuldade adicional na utilização de sistemas de segurança baseados em reputação dos IPs, como blacklists, e no uso do IPSec;
- Desenvolvedores, eventual quebra da conectividade fim-a-fim, dificultando a inovação.
Para tentar acelerar o processo, o CGI.br decidiu enviar ofício para o SBC e sua Comissão Especial em Redes de
Computadores e Sistemas Distribuídos (CE-ReSD), o LARC, a ANDIFES, a ABRUEM,
a FEBRABAN, a Câmara-e.net, para as principais operadoras de telecomunicações,
principais empresas e entidades representativas ou com destaque, em
diferentes setores, reforçando a urgência da implantação do IPv6 e
questionando sobre que medidas estão sendo adotadas ou planejadas, e seu
cronograma de implementação. E apoiar a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, do
Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão na criação de um plano de
metas para a adoção do IPv6 nas entidades do Governo Federal.
Recomendações adicionais serão
enviadas à Rede Nacional de Pesquisa (RNP) para apoiar e incentivar
gestores de TI dos diferentes campus universitários, na implantação do
IPv6 e utilização dos Pontos de Presença existentes. Universidades são
convidadas a oferecer cursos de formação, capacitação ou educação
continuada em IPv6, assim como seus docentes são incentivados a utilizar
em suas aulas estudos de casos, exemplos e laboratórios
com IPv6. As instâncias do Governo Federal, Estadual e Municipal também
são lembradas a incluir o suporte a IPv6 como requisito na compra de
equipamentos e em seu provimento de acesso à Internet, além de
estabelecer critérios e cronogramas de implementação
em suas redes.
Histórico
O NIC.br é o distribuidor oficial de blocos IPv6 para o Brasil desde 2006. Na época, existiam 300 redes (ASNs) que compunham a Internet no Brasil; hoje são mais de duas mil. Mesmo com o crescimento da Internet no Brasil, os prazos para alocação de novos blocos são rigorosamente respeitados normalmente.
Como
forma de estimular toda a cadeia de interessados no desenvolvimento da
rede no Brasil, o Registro.br isentou de cobrança até julho de 2013 todo
e qualquer provedor
que solicitasse blocos IPv6. A partir de julho, a cobrança passou a ser
realizada somente a ASNs que nunca tivessem realizado pedidos de blocos
ao Registro.br.
Desde
2009, o NIC.br promove treinamentos sobre IPv6 gratuitamente para
profissionais
de operadoras de telecomunicações, provedores Internet e outras
instituições. Até agora 103 turmas foram treinadas, num total de 3097
profissionais. Dessas turmas, 14 foram exclusivas para as principais
operadoras.
Via: computerworld
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