terça-feira, 24 de setembro de 2013

Moto X consegue unir ótimo hardware e recursos inteligentes

Lançado no Brasil no início deste mês, o Moto X é o novo carro-chefe na linha de smartphones Android da Motorola, e o primeiro fruto da união da empresa com a Google, consumada em Agosto de 2011. E as influências da Google são visíveis, do novo design mais arredondado e ergonômico (lembrando aparelhos como o Nexus S e Galaxy Nexus) ao sistema operacional, uma versão quase pura do Android 4.2.2. Sem falar na profunda integração com serviços como o Google Now.
Mas não é só por causa dos pais que o Moto X é interessante. Equipado com hardware bastante poderoso, o aparelho faz uso de uma série de novas tecnologias que o tornam mais inteligente que a maioria dos smartphones do mercado e capaz de atender, e até antecipar, os desejos do usuário.
Design e Hardware
O Moto X é o smartphone mais elegante que já passou por minhas mãos desde o Nexus 4. Fugindo completamente do design quadradão e industrial da família RAZR ele tem cantos arredondados e a traseira curva, e é muito confortável nas mãos.
No modelo que analisamos, preto, a frente é completamente preta. O preto da tela se funde com as (finas) bordas, e não há um logotipo ou botão sequer para chamar a atenção. A traseira é feita de um material fosco que lembra o kevlar dos RAZR e é macio ao toque. Não há uma tampa traseira removível: a bateria é fixa e o SIM Card (um nano SIM, como no iPhone 5) é inserido em um slot na lateral esquerda, aberto com o auxílio de uma “chave” inclusa na embalagem.
Apesar da tela de 4.7” o Moto X é um aparelho bastante compacto: o peso (130 gramas) é bem distribuído, e ele mede 12,9 x 6,5 cm, com 1 cm de espessura (no ponto mais grosso). Só 5 mm mais longo e 4 mm mais largo que um aparelho com tela de 4.3” como o Galaxy S4 Mini, da Samsung.
A tela de 4.7” tem resolução HD (1280 x 720 pixels), o que dá uma densidade de 312 pixels por polegada (ppi), acima da marca dos 300 ppi de uma tela “retina”. A qualidade de imagem é excelente, com cores, nitidez, contraste e ângulos de visão impecáveis. Como em toda tela com a tecnologia AMOLED as cores são mais saturadas que em uma tela LCD, mas não exageradas como acontece em alguns aparelhos da rival Samsung.
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A traseira, curva, tem um padrão que imita o kevlar dos RAZR
A Motorola diz que o Moto X é baseado no “X8 Mobile Computing System”, mas não se confunda com o nome: não se trata de um processador com oito núcleos (octa-core). Na verdade ele é composto por um poderoso processador dual-core (Snapdragon S4 Pro) e uma GPU quad-core (Adreno 320), ambos da Qualcomm, e dois processadores auxiliares, um para processamento de linguagem natural (reconhecimento de voz) e outro para “computação contextual” (monitoramento de sensores). 
Também há 2 GB de RAM, 16 GB de memória interna (11,8 GB para o usuário), uma câmera traseira de 10 MP acompanhada por flash, uma câmera frontal de 2 MP para videochamadas, Wi-Fi (nos padrões 802.11 a, b, g, n e o novo ac), Bluetooth 4.0 e NFC. Não há Rádio FM, e infelizmente a Motorola deixou de fora o slot para cartões microSD. O Moto X é compatível com as redes 4G que estão entrando em operação no Brasil, e também com as redes 3G já existentes.
Um detalhe curioso: o carregador incluso na embalagem do Moto X tem duas portas USB, ou seja, é capaz de carregar dois smartphones ao mesmo tempo. Útil para acabar com discussões domésticas sobre quem vai deixar o smartphone carregando durante a noite na única tomada perto da cama.
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Carregador do Moto X tem duas portas USB
Nos EUA um dos aspectos mais interessantes do Moto X é a personalização. Usando um site chamado MotoMaker os consumidores podem escolher as cores do aparelho (duas para a frente, 18 para a traseira e mais 7 para os detalhes, como botões e anel da câmera), a quantidade de memória interna, gravar uma mensagem personalizada e até mesmo pré-carregar um papel de parede. Como os aparelhos para o mercado norte-americano são feitos em uma fábrica no Texas, a Motorola consegue entregar um smartphone "ao gosto do cliente" em quatro dias. Infelizmente esse sistema não está disponível aqui no Brasil, onde apenas duas cores estarão disponíveis: preta ou branca.
Software
Como a Motorola é “uma empresa Google”, não é surpresa que o sistema operacional do Moto X é uma versão praticamente limpa do Android 4.2.2 “Jelly Bean”. Há modificações, mas eles são poucas e bastante úteis.
Uma delas são as notificações inteligentes. Em vez de piscar um LED colorido para avisar que há uma mensagem, e forçar o usuário a ligar a tela e desbloquear o telefone para ver o que é, o Moto X ilumina parte da tela mostrando um relógio e o ícone do aplicativo que gerou a notificação. Toque nele para ver um resumo das notificações e, se quiser, ir direto ao aplicativo que as gerou deslizando o dedo para cima.
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Sistema de notificações é mais conveniente que o tradicional LED colorido
Além de mais conveniente o sistema também é mais econômico: em telas AMOLED, como a do Moto X, só as partes “acesas” consomem energia. As notificações, em branco sobre um fundo preto, ocupam apenas uma pequena parte do centro da tela, então a quantidade de energia necesária para exibí-las é menor do que o que necessário para iluminar a tela inteira caso você tivesse de “acordar” o smartphone só para ver quem te mandou uma mensagem.
Outro toque inteligente é o uso do sensor de movimento. Quando você tira o Moto X do bolso ele automaticamente mostra a hora e as notificações pendentes. Você não precisa apertar nenhum botão. O sensor também é usado para abrir a câmera: com o Moto X na mão basta girar o pulso três vezes, como se estivesse girando a maçaneta de um porta. Parece uma coisa boba, mas imagine: quantas vezes você já perdeu uma cena inusitada ou curiosa porque o smartphone demorou para abrir a câmera? Eu perdi a conta.
O Moto X também é um bom ouvinte. A Motorola incluiu no aparelho um processador responsável pelo “reconhecimento de linguagem natural”. Isso significa que ele está constantemente prestando atenção à frase “OK Google Now” e pronto para responder seus comandos sempre que ouví-la. Este recurso é chamado de “Comando inteligente de voz”.
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Moto X está sempre pronto pra ouvir. Basta dizer "OK Google Now"
Quer saber se vai chover? “OK Google Now, previsão do tempo”. Não sabe como chegar ao aeroporto? “OK Google Now, navegar até o aeroporto”. Quer ligar para casa? “OK Google Now, ligar para casa”. Além destes comandos, o recurso pode ser usado para fazer buscas na web, como em “OK Google Now, qual a idade de Sylvester Stallone?”.
O único probleminha é que se você protege seu aparelho com uma senha ou padrão terá de digitá-la para executar qualquer comando que não seja um ligação telefônica, o que meio que quebra a mágica de controlar o aparelho sem as mãos. 
Para usar o comando inteligente de voz você precisa antes treinar o aparelho, o que é fácil, basta dizer “OK Google Now” três vezes em um assistente de configuração. Em teoria, depois de configurado o Moto X vai responder apenas à sua voz, mas na prática às vezes ele se engana: não respondeu aos comandos de uma colega de trabalho, por exemplo, mas obedeceu cegamente aos de meu sobrinho de 14 anos, que tem uma voz bastante diferente da minha.
Por fim a Motorola incluiu no aparelho alguns apps bastante úteis. O Assist é um descendente do “Smart Actions” encontrado nos RAZR, e ajuda a automatizar tarefas. Por exemplo, o smartphone é capaz de saber quando você está dirigindo e pode automaticamente ler mensagens SMS e falar o nome das pessoas que estão ligando para você. Ou então, com base em sua agenda, saber quando você está em uma reunião e entrar automaticamente em modo silencioso.
Já o Migração Motorola é um utilitário que ajuda a transferir histórico de ligações, mensagens de texto, contatos, fotos e vídeos de um outro smartphone Android para o Moto X. Basta instalar o app (gratuito no Google Play) no “velho” aparelho, e seguir as instruções na tela do Moto X.
Câmera
Há várias características incomuns no Moto X quando o assunto é fotografia, a começar pelo sensor de imagem com resolução de 10 MP e proporção 16:9 (widescreen), em vez da tradicional proporção 4:3. A diferença pode causar um incômodo para o usuário: se você gosta de imprimir suas fotos no tradicional formato 10x15, provavelmente elas terão as bordas cortadas. Mas é uma vantagem na hora de ver as fotos no PC, num smartphone ou numa TV, já que elas ocuparão a tela inteira, sem bordas pretas nas laterais.
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Foto feita com o Moto X. Clique para ampliar
Outra peculiaridade é a organização interna do sensor: em vez do tradicional arranjo RGB para os pixels, ou seja, um pixel sensível ao vermelho (R, Red), um ao verde (G, Green) e um ao Azul (B, Blue), ele usa o arranjo RGBC. O C no quarto pixel é de “Clear”, transparente, e identifica um pixel que não tem um filtro de cor associado a ele, e serve para capturar mais luz. 
Segundo a Motorola, com esse arranjo o sensor captura até 75% mais luz que no arranjo convencional, o que deveria resultar em melhores fotos noturnas. Deveria, porque a prática não condiz com a teoria, como veremos mais adiante.
O software da câmera é extremamente simples. Esqueça os múltiplos modos de cena, várias opções de resolução, filtros de cor e bordas engraçadinhas encontrados em outros aparelhos, a Motorola focou no essencial: só há uma opção de resolução, 10 MP. Flash e o modo HDR podem ser ativados, desativados ou deixados no automático. O foco pode ser completamente automático ou você pode tocar na tela para indicar onde focar (modo “Toque para focalizar”). E há um modo panorâmico. Só isso.
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Foto feita com o Moto X. Clique para ampliar
Até a interface da câmera foi simplificada. Os únicos botões visíveis são um para alternar entre as câmeras traseira e frontal, no canto inferior esquerdo da tela, e outro para alternar para o modo de vídeo, no canto inferior direito.
Não há um botão para fazer a foto, basta tocar na tela. Quer fazer fotos em sequência? Segure o dedo sobre a tela. Zoom? Deslize o dedo para cima para aproximar a imagem, para baixo para afastar. As configurações ficam em uma “roda” que surge ao deslizar o dedo da borda esquerda para o centro da tela e para acessar a galeria basta deslizar o dedo da borda direita para o centro.
Mas eu gostaria que a Motorola tivesse prestado a mesma atenção que dedicou à interface à qualidade das imagens. As fotos diurnas são muito boas, com cores, contraste e nitidez ótimos. O problema são as noturnas.
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Foto feita com o Moto X. Clique para ampliar
Lembram da história do sensor que capta mais luz que o normal? Pois ele de nada adianta se a luz extra vem acompanhada de um sistema de redução de ruído absurdamente agressivo, que em vários casos arruinou completamente uma imagem. 
Vejam, por exemplo, os pelos da gata na foto abaixo, feita em um ambiente interno iluminado por lampadas dicróicas. Na tentativa de mascar o ruído no pelo escuro causado pela pouca luz, o software acabou “borrando” a imagem dando um efeito de pintura a óleo.
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Exemplo do "efeito pintura a óleo" nos detalhes da imagem. Clique para ampliar
Ou esta outra abaixo, feita em uma rodoviária à noite. Observem a distorção nos contornos do rosto e do braço da menina, na camiseta branca no ombro esquerdo, e a falta de nitidez nos cabelos sobre a testa. É o tipo de distorção que eu veria se tivesse aberto a foto no Photoshop e salvo em JPEG com a qualidade em 10%.
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Esta imagem é um exemplo claro dos problemas com a câmera do Moto X em fotos noturnas
Clique para ampliar
É verdade que nem toda foto noturna mostra estes problemas, mas eles sequer deveriam existir. Ainda mais em um aparelho topo de linha como o Moto X.
A gravação de vídeos no Moto X é tão simplificada quanto a fotografia. Por padrão os vídeos são gravados em Full HD (1080p a 30 quadros por segundo), o foco é automático e contínuo e você pode pode fazer fotos (na resolução de 1920 x 1080 pixels) enquanto filma sem interromper a gravação, basta tocar na tela.
O modo câmera lenta é digno de nota: ele grava imagens em HD (1280 x 720 pixels) a 120 quadros por segundo, e reproduz a 30 quadros, fazendo com que a ação pareça se desenrolar quatro vezes mais lentamente. Concorrentes como o Galaxy S4 tem um modo similar, mas reduzem bastante a resolução (no caso do S4 para 800 x 450 pixels), produzindo imagens muito piores.
Desempenho e autonomia de bateria
O Moto X usa um processador dual-core, o Qualcomm Snapdragon S4 Pro (MSM8960dt) de 1,73 GHz, uma variante do que é usado no Xperia SP da Sony. E como mostrei no review do Xperia SP o processador é valente, com desempenho muito próximo ao de processadores quad-core encontrados em smartphones como o Nexus 4 ou Optimus G.
Dada a semelhança, esperava do Moto X o mesmo desempenho, mas não foi isso que aconteceu. Ele foi ainda melhor.
No AnTuTu, nosso benchmark padrão para smartphones Android, o Moto X chegou a 21.351 pontos, muito à frente do Xperia SP (16.968), ou mesmo do Xperia ZQ (20.675), Optimus G (20.891) e Nexus 4 (17.511), estes três equipados com processadores quad-core.
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O Moto X foi o primeiro aparelho a "gabaritar" o benchmark Ice Storm, parte do 3DMark
Já no 3DMark, que mede o desempenho gráfico, obtive mais resultados impressionantes. O Moto X foi o primeiro aparelho a passar por nossas mãos que “gabaritou” o Ice Storm, um dos cenários de teste do 3DMark. Literalmente, a ferramenta nos disse “Este teste é leve demais para o seu aparelho”.
No Ice Storm Extreme, feito para “cansar” mesmo as GPUs mais poderosas renderizando a cena em Full HD e carregando nos efeitos especiais, o Moto X conseguiu 7.144 pontos. Mais até que o badalado Galaxy S4 (6.847 pontos). 
Traduzindo todos os números: o Moto X é rápido, muito rápido. Não há app ou jogo que não vá rodar bem neste aparelho.
E o desempenho não prejudicou a autonomia de bateria. Em nosso teste de uso típico, que envolve cerca de 2 horas de navegação via 3G, algumas mensagens SMS e chamadas curtas, poucas fotos e atualização constante de e-mail e redes sociais via Wi-Fi durante a maior parte do dia, não foi raro chegar ao fim de um dia de trabalho, por volta de 13 horas de uso, com mais de 20% de carga restante. Neste cenário estimo a autonomia em cerca de 16 horas. Já no teste de reprodução de vídeo, feito com o aparelho em modo avião e o brilho da tela em 50%, consegui uma autonomia de pouco mais de 9 horas.
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Boa autonomia de bateria, mesmo com o modo de economia desligado
Veredito
Não há dúvidas de que o Moto X (R$ 1.799, preço sugerido pela fabricante) é um aparelho excepcional, apesar dos deslizes da câmera. É poderoso e inteligente, além de muito bonito, e merece um espaço na categoria de “super smartphones” habitada por concorrentes como o Xperia ZQ da Sony e o Galaxy S4 da Samsung. Se o primeiro fruto da parceria entre a Motorola e a Google é tão interessante, mal posso esperar o que vem por aí.
Via: IDGNow

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