No começo da semana, o grupo Telefónica fechou um acordo para aumentar sua fatia na Telco, holding que controla a Telecom Italia, no que poderia garantir à empresa ser a maior acionista da Telecom Italia.
A
Telefónica é uma empresa espanhola, enquanto a Telecom Italia é
obviamente de capital italiano. Ainda assim, o país mais afetado pela
negociação seria definitivamente o Brasil. Isso porque a Telefónica
controla as operações da Vivo, enquanto a Telecom Italia controla a TIM
Brasil.
Como já explicamos aqui, o acordo deve passar por uma
complexa análise antitruste no Brasil antes de ser aprovado. As regras
do setor de telecomunicações no nosso país não permitem a um grupo ter o
controle de duas empresas que atuam na mesma região.
Qual a solução?
A Telefónica tem algumas opções para solucionar esse problema, se realmente finalizar o acordo com a Telecom Italia.
A primeira e óbvia seria unificar as bases de clientes
das duas empresas em um único espectro (em outras palavras, se
tornariam uma operadora só). O problema dessa solução é que isso poderia
representar uma grande queda na qualidade do serviço, já que a base de
clientes que hoje usa faixas de duas operadoras seria "afunilada" na
frequência de apenas uma. Sendo assim, seria muito difícil que o governo
federal aprovasse a negociação nesses termos.
Outra possível
solução seria a venda da TIM Brasil para outra empresa. Ela poderia ser
desmembrada e vendida em partes para Claro, Oi e até a própria Vivo. A
venda da TIM Brasil seria benéfica para as três operadoras, o que
poderia elevar a rentabilidade de seus serviços e trazer melhorias na
qualidade e infraestrutura.
GVT e Vodafone entram na história
Existe uma terceira saída, que pode causar uma mudança bem mais radical no mercado de Telecom no Brasil: a compra da TIM e da GVT, juntas, para alguma nova operadora começar a atuar no país.
Os rumores de que a GVT estaria a venda
já circulam há cerca de um ano. Contudo, o grupo francês Vivendi, que
comprou em 2009 a até então nacional GVT, não conseguiu uma oferta
próxima dos € 7 bilhões que gostariam para fechar negócio.
A GVT possui serviços de TV, internet
e telefone fixo no Brasil, mas não atua como operadora móvel – um
mercado bastante fechado e difícil de entrar para competir com as quatro
grandes. Mas unificando os serviços de TIM e GVT, bem como sua base de
clientes, uma nova operadora poderia começar suas operações no Brasil já
como uma gigante. E a maior candidata é a britânica Vodafone.
A Vodafone já teve outras oportunidades de investir em grandes operações no Brasil. Os britânicos foram sondados pela Anatel
em leilões de faixas de frequência, mas a empresa nunca se interessou
no passado. Contudo, recentemente, a Vodafone fechou uma das maiores
negociações da história, com a venda da sua participação da Verizon Wireless para a operadora americana Verizon, pelo valor de impressionantes US$ 130 bilhões.
Com
dinheiro sobrando caixa, os rumores são de que a empresa pode oferecer
cerca de US$ 20 bilhões por TIM e GVT – 10 bilhões por cada uma. Essa
ideia certamente agrada ao governo federal, que há tempos gostaria de
ver uma nova concorrente no mercado de telecom brasileiro, com a
esperança de que a qualidade dos serviços melhorasse.
Seja qual
for o caminho tomado, a verdade é que muito provavelmente o setor de
telecomunicações no Brasil está prestes a sofrer grandes mudanças. Resta
saber quais serão.
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