"Sarahah" quer dizer "honestidade" em árabe mas, nos últimos dias,
ganhou um novo significado no universo das redes sociais: dá nome a um
aplicativo que viralizou com a premissa de permitir enviar mensagens
anônimas a terceiros.
Em julho, o Sarahah ficou no topo do ranking de aplicativos mais
baixados na App Store, loja de aplicativos da Apple, em mais de 30
países. Hoje, a rede já tem mais de 300 milhões de usuários - enquanto é
gerenciado por uma equipe de apenas três pessoas.
No Brasil, a plataforma App Annie mostra que o aplicativo é o nono mais baixado entre aqueles que são gratuitos na App Store.
Qualquer um que tenha o link do perfil de uma determinada pessoa pode
enviar mensagens anônimas a ela - ou seja, não é preciso se cadastrar no
aplicativo.
"Eu era bem otimista, mas determinei como meta no começo conquistar 1
mil mensagens. Mas agora, temos mais de 300 milhões de mensagens",
comemora o fundador do aplicativo, o saudita Zain al-Abidin Tawfiq, de
29 anos.
A viralização dos recados repletos de honestidade foi facilitada por
uma mudança no aplicativo Snapchat, que passou a permitir o envio de
links. Assim, usuários do aplicativo de mensagens instantâneas passaram a
compartilhar seus perfis no Sarahah.
Embora o convite para uso do aplicativo diga "Você está pronto para a
honestidade? Receba críticas construtivas dos seus amigos e colegas, em
anonimato total", Tawfiq reconhece que há usos "equivocados" da
ferramenta.
Em meio a declarações de amor e revelações de homossexualidade, foram
registrados também episódios de bullying e discursos de ódio.
"O uso equivocado é um desafio para todas as redes sociais. No Sarahah,
acreditamos que um caso já é muito", afirma o programador.
"Nós tomamos diversas providências. Eu não quero dar detalhes dessas
medidas porque não quero facilitar a atividade de usuários que têm este
tipo de conduta. Mas nós temos ferramentas como filtros e bloqueio, e
muitas outras técnicas."
Experiências turbulentas
Por outro lado, o site institucional do aplicativo estimula o uso do
Sarahah até no trabalho, enumerando uma série de benefícios: "Melhore
seus pontos fortes"; "Fortaleça pontos que devem ser melhorados".
O site garante que nunca revelará sem consentimento a identidade daqueles que enviaram as mensagens.
Nos últimos anos, outros aplicativos já usaram do anonimato como um
atrativo para a troca de mensagens - mas acabaram tendo um desfecho mal
sucedido.
No Secret, por exemplo, os internautas podiam compartilhar segredos
pública e anonimamente. O aplicativo foi encerrado em 2015, após uma
série de problemas como a proliferação de bullying e até suspensões
judiciais, como no Brasil.
"Eu acredito na comunicação honesta e aberta e na expressão criativa, e
o anonimato é uma grande ferramenta para conquistar isso. Mas é também
uma faca de dois gumes, que deve ser manejada com grande respeito e
cuidado", escreveu o fundador do Secret, David Byttow.
O Lulu, que permitia que mulheres avaliassem os homens com notas e
caracterizações como "Sai bem na foto" e "Dá sono", bombou, mas logo
enfrentou uma série de problemas, inclusive na Justiça. O aplicativo foi
suspenso e depois relançado, mas hoje não existe mais.
Via: G1
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