
Já não bastassem as críticas sobre o pouco caso com a privacidade dos
seus usuários, agora é público que o Facebook também se acha no direito
de, em nome da ciência, mexer secretamente com o estado emocional e
psicológico de milhares de frequentadores de suas páginas e fazer de
todos nós "ratos de laboratório de cientista maluco".
Segundo reportagem publicada pelo site A.V. Club,
os cientistas da rede social manipularam, em janeiro de 2012, o
algorítimo que controlava o tipo de posts mostrados no newsfeed de 689
mil usuários do Facebook para verificar se e como o que eles viam na sua
linha do tempo afetava seu estado emocional. Isso, claro, em nome da
ciência.
Os resultados do estudo foram publicados na forma de um paper com o título de “Experimental evidence of massive-scale emotional contagion through social networks” (Evidência experimental de contágio emocional em massa via redes sociais) na revista científica The Proceedings Of The National Academy Of Sciences.
O estudo é assinado por Adam Kramer, cientista de dados do Facebook;
Jamie Guillory, do Tobacco Control Research and Education da
Universidade da Califórnia; e Jeffrey Hancock, do Departamento de
Comunicação e Ciência da Informação da Universidade de Cornell.
Emoções manipuladas
Especificamente o estudo demonstra como os pesquisadores mexeram nos
posts regulando o número de termos negativos ou positivos que apareciam
na lista de notícias de diferentes grupos de usuários selecionados ao
acaso. O Facebook então analisava os posts escritos posteriormente por
esses mesmos usuários ao longo de uma semana para ver se as pessoas
respondiam emocionalmente a esses estímulos gerando posts mais positivos
ou negativos, averiguando portanto se estados emocionais podem ser
transmitidos em massa por uma rede social.
O resultado é que podem! Os cientistas malucos do Facebook
constataram que as pessoas espelham emoções negativas ou positivas que
seus amigos expressam e as refletem em seus posts. Grupos de pessoas que
viram mais posts positivos que negativos passavam a se expressar de
forma mais positiva, enquanto que o oposto também aconteceu.
Facebook responde
O cientista de dados do Facebook, Adam Kramer ( Danger Muffin), respondeu aos protestos e críticas enfurecidas sobre o estudo publicadas no final de semana com um post oficial
declarando que "a razão por termos feito esse estudo é por que nós nos
preocupamos com o impacto emocional do Facebook e com as pessoas que
usam nosso produto".
Kramer diz que a equipe "sentiu que era importante" investigar a
suspeita de que ver amigos publicando coisas boas levaria as pessoas a
se sentir bem. Mas também admite que "estávamos preocupados que a
exposição ao negativismo de amigos pudesse levar as pessoas a evitar
visitar o Facebook".
Pelo menos agora sabemos que todo o yada yada científico era para
justificar a preocupação de como o Facebook conseguiria evitar perder
usuários se o "social graph" ficasse "meio dark", certo? Bastaria mexer
um pouco no newsfeed de todo mundo e colocar uma lente rosa na
realidade??
Ao final, Kramer usa no seu post a mesma desculpa infantil que o
Facebook adota quando é pego no erro: "Embora tenhamos sempre
considerado nossas pesquisas com o maior cuidado, nós (não só eu, mas
vários outros pesquisadores do Facebook) temos trabalhado para melhorar e
revisar nossas práticas internas. O experimento em questão foi feito no
início de 2012 e já andamos bastante desde lá. Mas a revisão de nossas
práticas internas vai também incorporar o que aprendemos hoje sobre a
reação ao nosso paper".
Com mais de 1 bilhão de usuários, um IPO bilionário e já bem velho
para posar de startup inocente, era de se esperar que pelo menos o post
do cientista de dados do Facebook fosse um pouco mais adulto nas suas
explicações. Se em 2014 ficamos sabendo do que foi feito em 2012, o que
vamos saber em 2016 que foi feito em 2014?
Via: IDGNow
Nenhum comentário:
Postar um comentário