quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Google reafirma proposta do codec VP8 como padrão para o WebRTC

O HTML 5 e seus diversos componentes ainda estão um pouco longe da finalização das especificações. Até lá algumas coisas precisam ser decididas, como por exemplo o codec de vídeo a ser utilizado pelo WebRTC.

O WebRTC oferece um sistema de comunicação em tempo real para os aplicativos web, facilitando imensamente a comunicação cliente-servidor dentro do navegador, sem depender de plugins ou soluções proprietárias. Ele é perfeito para transmissão de vídeo e áudio e também arquivos, algo que poderia possibilitar por exemplo um sistema de videoconferência sem dependência de plugins.

No estado atual o WebRTC não especifica o codec de vídeo. Ele trata apenas das taxas de quadros e resolução. Boa parte das implementações optam pelo codec proprietário H.264, mas o Google quer levar o VP8 para o padrão.

Num e-mail recente o Google propôs o VP8 para o WebRTC, mostrando-o como "a única opção livre de royalties viável".

Como todos sabem, o H.264 é comercial e exige licenciamento para aplicações comerciais (onde se encaixa praticamente qualquer site com anúncios ou mantido por empresas). O VP8 também tem lá suas patentes envolvidas, mas nas mãos do Google - que o conseguiu com a compra da On2 - a coisa é um pouco diferente. A empresa se comprometeu a garantir o uso livre do formato para sempre sem exigir o pagamento de licenças, além de deixar o código aberto.

O VP8 é usado em alguns aplicativos open source e também pelo Skype, oferecendo uma qualidade de vídeo satisfatória para o que se propõe. O desenvolvimento do formato continua ativo, possibilitando melhorias de várias características dele ao longo do tempo.

A MPEG-LA, grupo que representa os detentores de direitos autorais e patentes do H.264 e vários outros formatos proprietários, tenta a todo custo encontrar violações de patentes no VP8 para impedir o uso do formato e/ou exigir pagamentos. Embora ela tenha ações bem claras nesse sentido, parece que está falhando até agora em mostrar onde o VP8 infringe as patentes do H.264.

Além do VP8 para vídeo está em discussão o uso do codec Opus para som no WebRTC, algo que ainda depende de alguns acertos de licenciamento.

Muita gente não vê problema em usar o H.264 no padrão do HTML, mas aí entra uma grande questão: como é proprietário e exige pagamentos para uso comercial, nem todo mundo poderia utilizá-lo "de graça". Os padrões web são tratados como padrões mundialmente aceitos sem precisar pagar nada, algo parecido com o conceito de domínio público. Numa comparação simples: se você faz um blog e usa a tag <b> para negrito (presente há muito tempo no HTML), provavelmente você não quer pagar nada a ninguém que tenha criado ou especificado essa tag. O mesmo valerá para o <video>. Ao embutir um vídeo usando H.264 num site comercial ou relativamente popular você poderia enfrentar problemas jurídicos (ao menos nos EUA, mercado onde está grande parte do público alvo de inúmeros serviços online).

Os votos a favor de um codec livre - seja ele o VP8 ou qualquer outro que existe ou que venha a ser inventado - pensam nesse sentido. Para a maioria a web deve ser livre, acessível a todos, sem incluir tecnologias proprietárias que exigem pagamentos nos seus padrões. A escolha de um padrão (um ou outro, mas um só) se faz necessário para evitar dores de cabeça aos desenvolvedores, já que o desenvolvimento de um sistema que utilize tanto H.264 como VP8 seria mais caro, demorado e complicado. Para complicar ainda mais, não há um consenso entre fabricantes de navegadores e dispositivos mobile sobre o pagamento dos royalties, o que leva a crer que alguns reconhecerão apenas H.264, outros apenas VP8, e outros ambos.

Via: Hardware

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