No dia 4 de Junho de 1989 chegou ao auge a tensão causada por
protestos na China. Desencadeadas pela morte do líder progressista Hu
Yaobang, as manifestações começaram como luto, mas logo se transformaram
em marchas por liberdade de expressão, reformas políticas, fim da
corrupção, igualdade social e controle dos meios de produção na mão dos
trabalhadores. Você sabe, tudo aquilo que o comunismo promete.
A princípio o Governo de Beijing não fez nada, eles sabiam que de vez
em quando uma passeatazinha é bom para o moral, o pessoal vai pra casa
achando que fez alguma coisa. Não é tão gratificante quanto uma campanha
de hashtag ou mudar o nome no Facebook, mas é o que tinha na época.
Dessa vez a coisa cresceu. Manifestações se espalharam para mais de
400 cidades, estudantes usavam BBSs para se organizar, e logo chegaram a
mais de 1 milhão de pessoas na Praça Tiananmen. Vendo que a coisa
estava saindo de controle, o Governo saiu do modo Camarada
Carinhoso, declarou Lei Marcial e botou as tropas na rua.
Isso gerou uma das imagens icônicas do Século XX:
Esse cara concentrou quantidades épicas de coragem e estupidez, que
nunca sonho em sequer me aproximar. Por vários minutos ele barrou uma
fileira de 19 tanques, e os soldados, para seu crédito se recusaram a
polpificar o sujeito. Não se sabe até hoje que fim levou. Uns dizem que
foi preso e executado, outros que desapareceu na multidão.
Quando a poeira assentou as estimativas de mortes chegavam a 2600,
com 10 mil feridos. A comunidade internacional protestou, mas a
China lembrou que tinha além de armas nucleares, as promissórias
assinadas por todo o Ocidente,e quem deve não fala alto. No final ficou
tudo por isso mesmo, com o Massacre da Praça da Paz Celestial sendo
varrido para debaixo do tapete da História. Na China não é ensinado nas
escolas, e nas redes sociais as próprias buscas eram filtradas. Até 2010
serviços como Google e Yahoo, seguindo ordens de Beijing omitiam
resultados sobre o acontecido.
Depois que viram que ficava feio receber ordens de uma ditadura
comunista E pagar de defensor da liberdade, esses sites pararam com os
filtros. Tudo bem. Agora, 25 anos do Massacre, a China simplesmente
bloqueou diversos serviços do Google no país, como busca e email. São 77 sites bloqueados, inclusive o Google Plus, não que alguém tenha dado falta.
Curiosidade: O MeioBit não está (ainda) banido da China.
Não deixa de ser divertido assistir a China tentar algo tão inútil
como achar que consegue remover informação da Internet – ou pior,
consegue impedir que alguém a acesse. Para sorte deles o
Marketismo-Leninismo tem dado certo e o país já tem não só uma classe
rica, como uma grande classe média emergente. Portanto, quem tem
condições de acessar informações sobre o Massacre não se importa, e os pobre tudo se preocupam mais em não passar fome do que com questões macroeconômicas e geopolítica.
Essa censurada é mais resquício da linha dura do tempo de Mao do que
qualquer outra coisa. A China hoje se sustenta como qualquer outro país:
Com pão e circo. E nem precisa de Copa do Mundo.
Via: Meiobit

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